segunda-feira

Gesto

Mãos que sentem.
Mãos que acolhem o peso da cabeça e a seguram como se ela fosse cair. Mãos que se descansam. As mãos que escrevem. As mãos que lêem e as que dão a ler. As que pensam e as que falam. As mãos que imitam e omitem gestos. As que acenam. As mãos que fazem, que fazem fazer. As mãos que empurram, as que unem. As mãos que se estendem, as que deitam fora, as que seguram. As que agarram. As mãos que tiram, as que dão. As mãos que matam. As que respiram. As mãos que apontam. As que se encolhem. As mãos que obrigam. As que obedecem. As mãos da terra. As mãos que partem, as que ficam. As mãos que atacam. As que protegem. As mãos que se afastam. Que se cruzam. As mãos que se abraçam, que se tocam.
Mãos que não se cansam de sentir.
A mão que toca o que vê faz a mão tocar e sentir o que o olhar observa: faz o corpo chegar perto ao que permanecia ainda afastado do mundo privado da mão.

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