sábado

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A voz dentro da voz dizia ontem às palavras a ternura desconhecida, a alegria estava pronta depois de se partir em copo vazio; a reconstrução do momento com o tempo a olhar assim sem nada pronunciar. Apenas um breve estudo sobre as raizes, os desenhos feitos pela árvore dentro da terra, ainda não tinha visto mesmo de olhos abertos, olhos do corpo vivo. Mas era e é a vida da árvore, fazer os desenhos quase sem ninguém ver, ela fala metade da voz ou a voz inteira e só é escutada a meia abertura das palavras altas. Como as montanhas só são montanhas ao longe. Quando o corpo está nelas, as montanhas começam a ser terra; a terra deitada no chão torna-se um vale, depois de ter sido um caminho


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segunda-feira

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nunca percebi como é que a chuva cai, as nuvens tão longe e a chuva chega aqui à terra, parece que só a chuva agarra a terra e a terra agarra a chuva.  nunca percebi porque é que os homens não conseguem voar como os pássaros, porque é que também não andam no ar, porque é preciso ir de carro para ir a um sitio que fica mais longe. Porque é que precisam de falar para ouvir.
nunca percebi porque tenho duas mãos  e nunca consegui a agarrar a água. nunca percebi muitas coisas e esqueci.
Agora,  volto ao nascimento.

quarta-feira

Para além de mim saio firme, as mãos só agarram quando abertas ao ar e a voz escutada ao silêncio. A rua abre-se na passagem do corpo. Ele que entre na sua companhia dentro da folha e da árvore. A árvore, ela mesma a voar com as raízes  a entrar dentro da terra e a sentir o cheiro de tudo o que cresce e agarra o interior da via que corre no rio. Este dentro que está sempre. E fica




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