quinta-feira

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Acordo depois de me adormecer. Levo o corpo ao colo; o repouso quieto aguarda por mim. E eu vou e estou onde o instante de estar é levado pelo peso atroz do ar. O ar que mantém o corpo de pé, ansioso e consumido de cansaço. Uma respiração gasta por palavras e gestos caídos em lugar sem fim - vertido aço. E eu vou e estou onde deixei de estar e de ser

4 comentários:

paulo da ponte disse...

CENTRO DE SAÚDE

"O exercício da espera numa sala.
Deito-me ao lado do tempo,
com a lentidão pendurada ao pescoço.
A televisão cospe um arco-iris
imperfeito na dobra da tarde.

Nunca esperei nesta sala curar-me
por completo.
A meu lado alguém cospe os pulmões
em pedaços vítreos, quase cristalinos.
Vou penetrando mais fundo na sala
até que a noite desçe do tecto.
Os médicos de bata branca imaculada
deslizam nos corredores cheios de macas alugadas a corpos débeis
de crisálida.

O diagnóstico que me traçaram
numa folha branca, fala das tempestades da alma, doença rara e incurável: foi-me receitada tranquilidade."

Em breve devo retomar as actividades bloguísticas ;)

Anabela disse...

Paulo, li várias vezes o poema e a palavra tranquilidade a ver se faz efeito. As melhoras!
Beijo

Anabela disse...

Retomo: Conheço este centro de saúde. As nossas melhoras :)

paulo da ponte disse...

As melhoras são sempre bem vindas, desde que o Centro de Saúde não feche. Abraços :)