sexta-feira
quinta-feira
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(...)
terça-feira
E as flores, para que são as flores?
sábado
Lido ao acaso
sexta-feira
Mesmo que encerre os meus olhos a respiração continua
Encontro uma folha enquanto respiro em silêncio, nela me deito em corpo e espírito e me demoro. Defronto uma respiração alargada que me desfaz. Desamparo palavras ao silêncio que se demora na minha companhia, estendo a mão onde ele se dissolve em mim e eu lhe confesso que fique. Fique até eu adormecer em cuidado e abra a porta para sair à rua do sonho onde a probabilidade existe em ser real. Em ser árvore - silenciosamente fixa permanentemente em movimento - comigo na rua permaneço ao achado e assim caminho levando os passos e os olhos mais à frente tocando a observação. Fui ao sol buscar – mando o ar cá para fora, ele cansa-me cá dentro
quinta-feira
Sem estar à espera
Sento-me, recomponho o corpo, olho em frente. Observo a imagem devolvida pelo espelho; alguém a olhar e a sorrir. Eu retribuo. Aquele sorriso naquele momento eram todas e as únicas palavras que estavam a ser ditas, e eu escutei com toda a atenção. Dentro da conversa alguma agitação, sinto-me a ser cuidadosamente tocada a partir das pontas dos cabelos até chegar ao pescoço, a respiração alcança um arrepio. Os meus olhos vão-se fechando, permanecendo devagarinho no escuro onde se vê um branco e algumas cores. A massagem termina. Sou convidada a sentar-me noutra cadeira. Vou expondo o meu pedido, observando o que me é dito. A nossa melhor conversa centra-se num olhar atento aos lábios, são eles que dão voz às palavras onde toda a linguagem está imersa em gestos sorrisos olhares e as mãos. As mãos a fazerem o que de melhor sabem, tocar, sentir, fazer. Durante esta permanência de momentos e uma satisfação de sorrisos, a linguagem verbal não respirava para poder ser dita através da voz. Quando não se tem voz, a beleza do mundo dirige-se a outros sentidos. Quando não se espera ouvir uma palavra, alcança-se uma infinidade de diálogo. Mesmo que este decorra num cabeleireiro.
CONFERÊNCIA DE SIMEON LOCKHART NELSON NA ESAD.CR - CALDAS DA RAINHA
Na sua intervenção, o criador contextualiza a abordagem da sua produção artística, enquanto articulação entre natureza e tecnologia, que fundamenta filosófica e historicamente a partir de uma teorização do ornamento. Presentemente, Nelson utiliza na sua escultura processos de base computacional na criação quer de instalações interdimensionais (representação da quarta dimensão do tempo, mudança, crescimento e decadência), quer de trabalhos focados na representação digital (explicitando uma linguagem de bitmaps e linhas vectoriais).
No quadro da dicotomia entre reducionismo e holismo, Nelson contribui para este debate tão actual nos campos da ciência e da filosofia, a partir do modus operandi das artes plásticas.
Evento em Língua Inglesa.
Abstract e breve biografia em anexo.
Simeon Lockhart Nelson encontra-se em Portugal para participar na exposição colectiva OBJET PERDU, que inaugura no próximo dia 28 de Janeiro na PLATAFORMA REVÓLVER em Lisboa.
www.simeon-nelson.com
ESCOLA SUPERIOR DE ARTES E DESIGN
CALDAS DA RAINHA ˆ CAMPUS 3
Rua Isidoro Inácio Alves Carvalho
2504-917 Caldas da Rainha ˆ Portugal
Tel. + 351 262 830 900 ext:385
quarta-feira
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François Cheng, O que Disse Tianyi, Ed. Bizâncio, 2º edição 2001, p19
domingo
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Gusty L. Herrigel, Zen e a Arte do Caminho das Flores, Assírio & Alvim, 2002, p.7
sábado
A rua dentro de casa.
Em forma de adaptar o seu corpo à cadeira, descruza a perna direita, cruza a esquerda, inclina ligeiramente a cabeça encostando-a ao azulejo, passa a mão pelos seus finos cabelos e olha, olha particularmente. Demonstra uns pequenos gestos que vão reflectindo uma ligeira tentação de concertar o jeito da conversa que no seu entender era pouco coincidente com aquele momento. Enquanto ouvia, escutava o silêncio das palavras e lá dentro o encontro já lhe tinha dito.
Caminha cuidadosamente o chão através dos seus pés durante o tempo suficiente para chegar onde pretende. Agarra nas mãos, empurra a porta, entra. Põe o seu olhar a olhar em direcção à rua que se orienta à sua frente, enquanto observa encosta o corpo a um grande alicerce branco. Aguardando que a espera termine, decide voltar à rua que estava particularmente agradável naquela noite da semana, apesar do frio que corria no meio das pessoas. Mas o tempo estava quase a parar assim que vira o corpo e o olhar toca.
sexta-feira
A rua dentro de casa.
Imagina uma cozinha ampla, com todos os electrodomésticos que nela dispôem a sua forma. Enquanto tu entras ou julgas entrar, já uma pessoa ocupa o espaço. Lanças o teu corpo a uma cadeira de tons azuis onde o descansas, onde os teus olhos permanecem num olhar atento à prosa e aos alimentos que se preparam cuidadosamente, aos gestos da fala, às palavras proferidas, à escuta de uma conversa. Mas o que está a ser dito.
Mesmo ao lado, o corpo sai de casa marcando a viagem numa ausência incerta do seu destino. O seu único conhecimento é uma rua que sobe, outra que desce, uma curva a direito, a paragem do corpo, o olhar à espera do sinal verde, uma passadeira a atravessar, a longa rua a mover-se a cada passo, a entrada no metro e a sua saída. E quando o corpo entra na rua outra vez o olhar é absorvido.